quarta-feira, 18 de julho de 2007

No time de Mandela Pelé é coadjuvante


Bem meus amigos do futebol, mais do que um jogo de futebol, foi um recado para o mundo. Às 15h desta quarta-feira, cerca de 50 nomes do futebol mundial estiveram em campo na Cidade do Cabo para celebrar os 89 anos de Nelson Mandela.
Para carregar as bandeiras da luta contra o racismo e do combate à Aids, a partida organizada pela Fifa teve o maior jogador de todos os tempos: Pelé entrou no estádio debaixo de intensos aplausos, mas, de camisa e calça, decepcionou aqueles que esperavam que ele jogasse alguns minutos.
Pelé, no entanto, pegou o microfone e mandou sua mensagem ao aniversariante, principal líder da África do Sul na luta pelo fim do apartheid, sistema que criava distinções entre brancos e negros no país.
"Eu espero que você tenha um feliz aniversário. Vamos nos divertir juntos. Vamos juntos unir contra o racismo. Não ao racismo. Não ao racismo", gritou, pedindo a resposta do público presente.
Depois, deu uma volta pelo campo com as mãos dadas com o atacante Eto'o, do Barcelona, a outra estrela da partida, e deu o pontapé inicial.
O homem que reuniu alguns dos maiores jogadores da história é exatamente isso, um agregador. Nos 27 anos em que este sul-africano esteve preso, o apelo "Libertem Nelson Mandela" uniu o mundo em torno da liberdade não de uma pessoa, mas de um país inteiro. Nunca uma causa universal - o fim do racismo - confundiu-se tão fortemente com um nome. E poucas vezes um nome confundiu-se tanto com um mito.

Nelson Mandela nasceu em Umtata, filho de uma família nobre. O início da carreira foi típica de um rebelde. Em 1944, fundou a Liga da Juventude do Congresso Nacional Africano (CNA), que lutaria contra o regime racista do apartheid ("separação", em africâner), na África do Sul. Em 1952, liderou a campanha de desobediência civil ao apartheid. Preso em 1956, ficou encarcerado por cinco anos sem enfrentar processo judicial.

Nos anos 60, quando o CNA foi declarado ilegal, Mandela organizou a facção armada Lança da Nação e participou de sabotagens a alvos militares. Em agosto de 1962, acabou preso com a ajuda da CIA. Considerado um terrorista, foi condenado à prisão perpétua em 1964. Em 1985, teve a chance de deixar a prisão, desde que não defendesse a luta armada. Não topou.

Libertado em 1990, negociou ao lado presidente Frederick de Klerk uma nova Constituição - em que o apartheid foi finalmente eliminado. Com De Klerk, dividiu o Prêmio Nobel da Paz de 1993. Eleito no ano seguinte o primeiro presidente negro do país, Mandela controlou a inflação, mas enfrentou altos índices de desemprego e de criminalidade.

Desde 1999, quando elegeu seu sucessor, Mandela dedica-se a campanhas para levantar fundos contra a Aids. Fã de esportes, Mandela foi decisivo na briga da África do Sul para ser sede da Copa de 2010. A escolha do país não foi por acaso, já que o maior adversário da Fifa nos gramados do mundo hoje é o racismo. Para ganhar este jogo, Pelé é um coadjuvante de luxo. O craque é Nelson Mandela.

Alguns astros que participaram do jogo
Seleção africana - Etoo (CMR), Abedi Pelé (GAN), Hassan (EGI), George Weah (LBR)

Seleção do resto do mundo - Karembeu (FRA), Ali Daei (IRÃ), Butragueño (ESP), Chapuisat (SUI), Gullit (HOL), Leonardo (BRA), Redondo (ARG), Zamorano (CHI)

Nenhum comentário: